Por Clarissa Pereira

Coordenadora da Educação Infantil do Colégio Apoio

 

Muitas mães, pais ou responsáveis se sentem inseguros com relação à ida das crianças à escola de Educação Infantil: qual é a melhor idade? Como a escola recebe as crianças pequenas? Qual linha pedagógica seria a melhor para o desenvolvimento da criança?

Sabemos que cada família tem sua estrutura, seus valores, suas expectativas quanto ao desenvolvimento e socialização do(a) filho(a), suas necessidades de conciliar a vida familiar com a profissional,  sua rede de apoio à educação dos filhos.

Tudo isso entra em jogo na hora de decidir colocar o filho na escola e compete à equipe da escola ser sensível a toda essa particularidade das famílias para acolher, de forma sensível e competente, toda a diversidade de expectativas, orientando cada família de forma assertiva. 

Esse texto propõe-se a trazer algumas orientações sobre o desenvolvimento das crianças nas escolas de Educação Infantil, que irão ajudar na reflexão sobre este assunto tão importante.

 Vamos iniciar introduzindo um breve histórico da Educação Infantil, em nosso país. Apenas em 1988, com a Constituição Federal,  o atendimento às crianças, em creches e pré-escolas, de 0 até 6 anos de idade, tornou-se dever do Estado. Entretanto, nesse período era considerada uma etapa anterior ao ensino formal, cumprindo a função de preparar as crianças para o primeiro ano escolar, por isso a expressão Pré-Escola. Só com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases (LDB), em 1996, a Educação Infantil começou a fazer parte da Educação Básica e, em 2006, com a modificação introduzida na LDB, que antecipou o ingresso ao Ensino Fundamental para os ¨6 anos, passa a atender a faixa etária de 0 até 5 anos. Contudo, é somente a partir da Emenda institucional no 59/2009 (incluída na LDB em 2013) que a Educação Infantil se torna obrigatória para as crianças de 4 e 5 anos.

E, finalmente em 2017 é oficializada  a Base Nacional Comum Curricular - Educação Infantil, documento que se propõe a orientar as escolas na organização de seus currículos por competências nos diferentes Campos de Experiências, indicando aos profissionais e estes às famílias, o que as crianças devem e têm o direito de aprender em cada fase do seu desenvolvimento.

Na maioria dos casos, a entrada na Creche (0 até3 anos) ou na escola de Educação Infantil representa a primeira experiência de socialização da criança fora do contexto familiar. Além disso, a primeira infância é uma fase muito importante e deve ser tratada como tal, pois é a base para o desenvolvimento da criança como um todo. A curiosidade é nata nas crianças, o que faz com que elas constantemente busquem respostas, nas suas constantes explorações do espaço e dos objetos no seu entorno.

Nesse contexto, a escola passa a ser o um ambiente de experimentação e ampliação de conhecimentos e habilidades a partir de aprendizagens ativas que façam sentido para elas. 

Zabalza diz que a criança pequena é “competente” no duplo sentido de “situação de entrada” e de propósito de saída”. Ao entrar na escola, já traz consigo vivências e destrezas (competências de diversos tipos e em diferentes graus de evolução) que a escola deve aproveitar como alicerce do seu desenvolvimento. Trata-se de aproveitar o amplo repertório de recursos (linguísticos, comportamentais, vivenciais, etc) com que as crianças  chegam a escola e utilizá-los para completar o arco de experiências desejáveis para essa idade.

Por ser a criança um sujeito histórico e de direitos, que interage, brinca, observa, questiona, assimila valores, constrói e se apropria de conhecimentos, quais seriam os meios mais legítimos para garantir a aprendizagem que não seja pelas interações e brincadeiras?

Toda a equipe pedagógica da  Educação Infantil do Colégio Apoio, escola particular na cidade do Recife, além de legitimar as interações e brincadeiras como eixos estruturantes do currículo, objetiva o desenvolvimento das competências gerais da educação básica propostas pela BNCC.  

Procuramos garantir, no cotidiano escolar, a vivência dos seis (6) grandes direitos da aprendizagem, para que as crianças exerçam papel ativo e sejam protagonistas na construção de seus conhecimentos.

Esses seis grandes direitos são: Brincar. Conviver, Conhecer-se, Explorar, Expressar e Participar.

À medida que as crianças  desenvolvem suas competências linguísticas, elas começam a se expressar por meio de múltiplas linguagens e já iniciam atividades de alfabetização de forma bem lúdica e contextualizada. Nesse momento, as competências físicas, emocionais e sociais se integram, favorecendo o desenvolvimento da capacidade de comunicação, o raciocínio lógico, enfim, seu desenvolvimento cognitivo.

É também na escola de Educação Infantil que a criança pode construir e interiorizar regras, saber compartilhar, aprender a lidar com as frustrações, conquistar autonomia, ser autoconfiante, desenvolver a coordenação motora e ser protagonista da sua história.

Importante registrar que as experiências e vivências dentro de um cotidiano escolar não só devem acontecer num processo natural ou espontâneo; têm que nascer de uma prática pedagógica consistente e repleta de intencionalidade pedagógica, porque percebemos que na medida em que as crianças crescem, as aprendizagens se tornam mais complexas e demandam uma organização das vivências em situações mais estruturadas.

Nesse contexto, o espaço se torna muito importante, não só por conta de toda segurança, limpeza, conservação que deve oferecer, mas se constituindo como cenário não neutro, no qual o processo  de desenvolvimento da criança acontece e quanto mais ele for desafiador para as crianças, promovendo atividades conjuntas, criatividade e autonomia, se constituirá como parte integrante da ação pedagógica.

Quanto ao currículo para a Educação Infantil tem que ter como objetivo enriquecer o repertório cultural, corporal e de conhecimentos das crianças, levando em conta as demandas individuais e as possibilidades de cada uma, para que aprendam em seu tempo e ritmo.

Outro aspecto importante a observar num ambiente de Educação Infantil é o papel do adulto (professora),aquela parceira mais experiente que promove, organiza e provê situações nas quais as interações entre as crianças e o meio sejam provedoras do desenvolvimento da criança.

Acreditamos no caráter socializador da Educação Infantil e investimos, enquanto educadoras,  para que o mundo das crianças se amplie cada vez mais, oportunizando-lhes  o acesso a uma diversidade de informações e de práticas sociais. Além do acesso das crianças ao acervo de conhecimentos produzidos em sua cultura, buscamos orientá-las na sua Formação Pessoal e Social, para que se desenvolvam social, emocional e moralmente como seres ativos e mobilizados a atuarem como agentes de transformações na realidade em que vivem, podendo exercer com plenitude as suas capacidades afetivas e cognitivas.

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